Narciso (tapete)


E quando a gente se fecha? Num mundo que é só nosso, só nosso. A coisa funcionava mais ou menos assim: a gente se mistura em tudo, cerveja congelada derramando no chão, algumas cinzas jogadas no carpete, cigarro furando o sofá, cada um como se estivesse de mão dada, sentados em seqüência, aí que eu me deitava no tapete de bruços com o cigarro na mão tipo Mia Wallace (faltou a revista e a arma), e começava a tirar fotos Tarantinesas, a cabeça já doía, eu fingia dormir em partes, já não agüentava mais, e me fechava num mundo. As lembranças se esvaiam, mas passavam tão lentamente que era como se eu estivesse revivendo aqueles momentos. Quando eu acordei lá estava ele, com a mao nas minhas pernas, fazendo carinho na barriga, como se ainda houvesse esperança.
Só que hoje eu não acredito mais nisso

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