Narciso (cegueira)


As noites já passavam assim costumeiramente entre luzes e estradas, a gente pegava o carro e saia pra qualquer lugar longe do nosso passado, as linhas do asfalto se juntavam com a velocidade, dava enjôo, minha mãe ensinou a olhar o mais longe que puder pela janela, algum ponto fixo. Sabia que se você olhar direto exatos 28 segundos por Sol você fica cego? Quem tentaria? Olhei fixo, 2 segundos, não agüentei, fechei os olhos, via uma bola amarela piscando, abria os olhos, via luzes, fechava, continuava vendo a bola amarela, vermelha, ate ela sumir. Era verão e estava quente. Não havia brisa do mar porque morávamos no planalto, éramos do rock, éramos doideira, e talvez nos achávamos ate os fodões, mas carregávamos a alegria e a fala com os braços e as pernas, não parávamos, não enquanto ainda houvesse uma forma de nos acharmos. Ou de perdermos.

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