Narciso (sobre portugueses)


A noite sempre corria bem para quem era um pouco taciturno, ou tinha insônia. Encontrar os velhos amigos, beber em algum boteco sujo e comer um salgado, depois já nem dançava mais, costumava sair andando, fingir ser da turma, ou descolada demais para isso. Havia agora prisões, ou o que podia se dizer bem dela, já não era aquela liberdade da qual nem usava na maioria das vezes. Obviamente, por falta da, acontecia as coisas. Não que algo mudasse muito, os velhos pensamentos eram os mesmos, aos poucos só mudava atitudes. E o bom era isso. Aí aquele boy me aparece, já não era mais uma noite previsível, as horas iam passando, a gente se aproximava com contos, situações e aquele gênero artístico teatral, ele me pedia em casamento, berrando ali na frente de todo mundo, podia muito ser diferente. Já se transformava em culpa, eu só precisava sair dali, era tão fácil abrir a porta, mas meu instinto ficava, não eram as saídas, eram as despedidas, e eu podia me levantar e andar, ainda um pouco bêbada, um pouco sóbria, um pouco de tudo.

Claro que eu sai de lá com a consciência tranquila. Tranquila até demais.

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